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AS RUÍNAS DA CRATERA DE HALE
A fascinante e controversa cratera de Hale
PARTE 02
 

Evidências de uma metrópole debaixo da areia ? Dunas, fotografias e pixeis.

 

Se já espreitaram a primeira parte sobre esta fascinante anómalia marciana, bem-vindos á segunda onde as coisas ficam mesmo estranhas...

Ver para crer costuma ser o mote de prácticamente toda a gente. Tanto cépticos como debunkers e até mesmo defensores da hipótese arqueológica, todos no fundo querem ver com os próprios olhos de modo a que qualquer evidência visual encaixe naquilo que cada um de nós aceite como possível.

 

Acontece que cada pessoa interpreta o que vê de forma diferente e inclusivamente há quem nem seja capaz de interpretar visualmente qualquer forma mesmo que esta esteja em frente dos seus olhos, por isso o ver para crer acabará por estar mais relacionado com a subjectividade da capacidade individual de cada um de nós para o poder fazer do que com aquilo que pode estar visivel na nossa frente.

Por exemplo, pessoas que não conseguem ver figuras nas núvens por mais que tentem.

Não por falta de imaginação, mas porque pura e simplesmente cada ser humano tem um nível de percepçao visual diferente. Isto traduz-se no extremo por existirem pessoas que conseguem desenhar e outras não.

Não porque não o podem fazer técnicamente, afinal toda a gente sabe pegar num lápis e fazer riscos, mas porque o seu cérebro não está ligado de forma a que possam percepcionar o que vêem como outras pessoas o conseguem fazer. Da mesma forma como existem pessoas que são daltónicas e não conseguem visualizar as cores como elas se apresentam no espectro que o resto de nós reconhece.

E eu como ilustrador e designer gráfico trabalhando profissionalmente na área há já vinte anos desde os primórdios do Photoshop penso que me sinto capaz de poder tecer algumas considerações sobre o assunto.

 

Aliás, foi por causa disso que eu até hoje já tinha uma posição céptica definida sobre esta pretensa "anómalia" da Cratera de Hale. Mesmo antes de a ter explorado por mim próprio, devido á minha experiência profissional com Photoshop - (até) eu já sabia que isto seria tudo uma grande ilusão de óptica provocada por pixelização em excesso.

 

Como se costuma dizer, saber desenhar é apenas saber observar.

Melhor seria dizer, que saber desenhar é ser capaz de simular em 2D uma observação que chega aos nossos olhos em 3D. Quando aprendemos a desenhar ou a pintar, aprendemos a observar o mundo de uma forma diferente das outras pessoas. É tão simples quanto isto.

Como tal, existem vários níveis de poder de observação para cada um de nós e nem toda a gente olha para uma imagem da mesma maneira porque o "olhar" depende muito de como o cérebro de cada um interpreta a informação visual que os olhos captam e o nosso cérebro está treinado para processar.

 

Pessoalmente eu jamais conseguiria criar ilustrações de super-herois para a Marvel, pois por mais que tente, não consigo habituar o meu cérebro a percepcionar tudo aquilo que é necessário para conseguir desenhar uma figura humana a um nível realístico. Simplesmente porque dentro da ilustração percorri um caminho diferente e nunca treinei essa vertente. Mesmo reconhecendo as bases técnicas desse tipo de imagem e sendo capaz de opinar sobre as mesmas, eu não o consigo fazer. O que nos leva então á Cratera de Hale em Marte.

Não vou detalhar a história da descoberta desta anómalia, porque até não tem nada de especial (salvo um pormenor curioso a referir no final). As imagens da Cratera de Hale fazem parte das fotografias em alta resolução obtidas pela ESA e podem encontrar todo o arquivo no site oficial.

 

Uma coisa a ter em conta está no facto de que todas as imagens são fotografias tiradas de órbita.

Acentuo isto, porque muitas pessoas olham para estas imagens como se estivessem a ver fotografias áereas aproximadas e nem se apercebem do tamanho das paisagens marcianas quando comparadas em escala com o que nós temos no nosso planeta.

 

Há tendência do comum leitor, para olhar para estes vales e montanhas tentando comparar qualquer formação geológica tendo em mente uma escala terrestre. Isto leva inevitávelmente a que muita gente pense automáticamente que, porque a ESA tirou fotos de alta resolução a cores, estas mostram em detalhe tudo o que há no solo e isso não acontece de todo.

O facto das pessoas não terem a percepção da verdadeira escala da geologia nas fotos captadas pela ESA cria automáticamente a ilusão de que uma área aparentemente vazia fotografada num vale em Marte estará realmente vazia de todo.

 

Especialmente se depois ainda poder ser comparada com uma montanha mais rugosa e cheia de texturas "em detalhe" que exista nas proximidades por exemplo.

Se ainda acrescentarmos o facto de tudo estar inevitávelmente coberto de areia fruto de sucesivas tempestades gigantescas durante milhares de anos e juntarmos erosão a uma escala bíblica, as coisas ainda se tornam mais complicadas no que toca a encontrarmos nas fotos de alta resolução os tais "templos egipcios" que os debunkers insistem em querer que apareçam a despontar das areias brilhando ao sol, como prova inequívoca para se poder comprovar a Teoria Arqueológica Marciana de acordo com os seus próprios paradigmas influenciados, esses sim pelos filmes americanos saídos de Hollywood.

Um Marte assim ,existe apenas na mente dos debunkers. Não deverá de forma alguma poder ser a condição principal que depois influencia o leitor procurando saber mais sobre este tema mas logo se afasta sem ter vontade de o aprofundar por causa da aparente racionalidade em termos de prova que os cépticos procuram e os debunkers exigem.

 

O facto das fotos da Nasa e especialmente da ESA, serem fotos em alta resolução não quer dizer que estas possamos ver tudo o que está na superfície do planeta, quando uma zona é fotografada porque não se esqueçam que isto não são fotos áereas e sim orbitais por muito que a escala das mesmas crie uma ilusão contrária.

 

Da mesma forma como não se poderá captar tudo ao mesmo tempo do nosso próprio planeta em fotos de características técnicas semelhantes, também em Marte se passa o mesmo com fotografias de grande altitude apesar de não haver nuvens pelo meio.

Isto do ver para crer acaba por ser um conceito filosófico fascinante. O nosso mundo real depende tanto daquilo que os nossos olhos captam imediatamente e o nosso cérebro pode associar ao que conhecemos do dia á dia, que olhamos para uma fotografia e acreditamos que tudo o que está na imagem é apenas o que pode ser visto.

 

Se não o vemos na fotografia então é porque não estará mais nada lá para ver. Isto poderia ser assim nas antigas fotos "analógicas" onde a resolução que encontravamos dependia totalmente do tipo de cópia que obtivessemos ou que poderiamos tocar com as nossas mãos quando impressa.

Acontece que com a democratização do digital, as coisas mudaram muito mais do que o cidadão comum sequer notou.

 

Muita gente, ao olhar para uma imagem digital ainda pensa que o que existe é tudo aquilo que está na imagem e nada mais. No entanto, uma imagem digital, é acima de tudo uma gigantesca colecção daquilo a que em inglés se designa por "Data" e que poderá ser mais ou menos livremente traduzida em português por "Informação" embora o termo - Data - seja mais apropriado pois a informação de uma fotografia digital abarca vários níveis.

É por isso que nós chamamos - fotografia - a isto, mas na realidade existe uma expressão técnica específicamente criada para designar este acto de fotografar , a expressão inglesa -"imaging".

 

Essa é a expressão correcta para designar a captação deste tipo de imagens e a designação existe porque - fotografar- aqui implica mais do que captar apenas uma imagem na forma que tradicionalmente imaginamos.

Implica principalmente a captação detalhada ou não de - Data - dependendo da resolução que tenhamos á disposição para trabalhar. Data que depois pode ser convertida visualmente na sua totalidade ou não.

Não vale a pena entrar em mais pormenores técnicos para não aborrecer as pessoas e quem quiser saber mais pode procurar informar-se noutro local.

O que interessa para este assunto agora, é que qualquer imagem digital que possamos encontrar nos arquivos da Nasa e da ESA é sempre formada pelo que podemos imediatamente ver ou interpretar e por aquilo que também está na imagem mas não pode ser visto "a olho nu".

 

Ou então pode estar presente, mas o nosso olhar não a reconhece como algo importante porque simplesmente não faz parte do nosso padrão de objectos reconhecidos instantaneamente. Para que isso pudesse acontecer essa tal informação "secundária" teria de ser extrapolada ou traduzida visualmente para algo tão concreto como aquilo que depois reconhecemos numa fotografia.

 

É isto que normalmente nos documentários vocês poderão encontrar referido como "preparar uma fotografia para ser mostrada ao público", pois na sua origem, todas as fotografias digitais se fossem apresentadas sem essa preparação não serviriam para nada pois conteriam apenas um monte de estática semelhante ao que se vê num canal de televisão não sintonizado.

Acontece que existem várias maneiras de preparar uma fotografia para ser mostrada a público.

Isto, porque depende muito do "preparador" decidir qual o conteúdo importante dessa tal informação captada originalmente que irá constar naquilo que depois será conhecido como a fotografia final.

 

A tal imagem que nenhum céptico depois contestará se esta vier de uma fonte como a Nasa ou neste caso a ESA. No caso da Nasa, a polémica em volta das imagens está instalada desde á vários anos porque só existe uma pessoa em todo o sistema oficial com poder total para decidir o que pode constar nas imagens que os americanos irão ver em cada fotografia que "prepara", (mais sobre isto aqui na parte cinco do Historial da polémica ); no caso da ESA também existem algumas reticências sobre o que algumas imagens mostram. Não por alguma conspiração orquestrada em redor das mesmas mas porque a influência técnica (e política) da Malin Systems na preparação das fotos europeias também se fez sentir há alguns anos, (mais sobre isto noutra área deste site em breve).

Portanto, na era digital, aquilo que nós vemos numa fotografia astronómica ou planetária, nunca é o resultado visivel da totalidade de informação (Data), que foi realmente captada por uma câmera de alta resolução.

 

Todas as fotos que conhecemos são ou poderão ser uma interpretação visual parcial do verdadeiro conteúdo que foi realmente registado quando uma câmera fotografa um local. Inclusivamente a própria cor.

Quando tiramos uma foto com a nossa câmera digital no telemóvel estamos habituados a olhar para a imagem. Como a mesma nos parece igual áquilo que fotografamos, damo-nos por satisfeitos e nem nos lembramos que o que vemos é apenas a tradução visual que o aparelho faz daquilo que captou realmente.

 

No caso de uma câmera amadora de baixa resolução não há capacidade técnica para captar muito mais informação do que a que podemos ver, mas isso é algo bem mais complexo quando falamos de câmeras de altissima técnologia empregues pela Nasa e pela ESA, pois essas têm que obrigatóriamente ser capazes de captar o maior número possível de Data em cada imagem.

Sendo assim, o que importa agora destacar aqui, é que uma fotografia; neste caso da ESA, é composta por vários níveis de informação visual (Data) que podem ou não ser mais destacados ou menos evidenciados, de acordo não apenas com a capacidade da câmera mas acima de tudo pela preparação que traduzirá os dados obtidos em pixeis que formarão a imagem final.

Neste caso, uma foto de Marte é tão real, definitiva e conclusiva quanto a melhor tradução visual reconhecível ao nosso olhar, que se conseguir obter a partir da Data original que foi captada pela câmera.

Tudo isto para dizer que há muito mais numa foto como a da Cratera de Hale do que aquilo que aparenta á primeira vista.

Lembrem-se que isto não é uma fotografia áerea. Olhando para a fotografia acima á primeira vista parece ser uma entre tantas outras captadas pela ESA. Se clicarem aqui para ver a sua versão em tamanho grande tenho a certeza que não irão encontrar nela mesmo assim nada de especial, porque pura e simplesmente não sabem ou sequer imaginam aquilo que procuram.

 

Agora tentem voltar a ela partindo do presuposto apresentado por Sagan em Cosmos quando usava um exemplo semelhante para mostrar como se poderia provar existir vida na terra a partir de órbita:

 

"Inteligent life on Earth first reveals itself on the Geometric regularity of its constructions." - Carl Sagan

 

Se espreitarem de novo em detalhe a imagem original, se calhar desta vez terão notado uns pormenores a que certamente não deram importância alguma anteriormente, pois terão tomado esses detalhes por pixelização da própria fotografia.

Indo directamente ao assunto sem entrar em explicações técnicas sobre processos de análise de imagem quando se ampliam estas áreas após uma correcção de constraste, aparece-nos o seguinte:

Nesta altura já imagino os cépticos a sorrir e os debunkers a rebolar a rir no chão. Se isto fosse um forum, inevitávelmente toda a gente iria gritar: - PIXEIS !!! Pois bem, até ontem eu estava convosco, pois na verdade nunca tinha prestado qualquer atenção de relevo a esta controvérsia, simplesmente porque isto tudo sempre me pareceu demasiado ridículo para ser verdade, apenas porque a ser real, seria tudo bom demais para poder existir.

Até porque nem sequer é preciso puxar muito pela imaginação para conseguirmos ver nesta coleção de pixeis uma verdadeira paisagem urbana com edificios, patamares, toda uma geometria fascinante, e tudo o mais que o nosso cérebro possa interpretar como tal.

Digam-me lá se isto não se parece com uma paisagem fantástica.

Acontece que o argumento da pareidolia devido ao processo de pixelização aqui neste caso não pode ser aplicado por vários motivos. Um deles é o facto deste preciso efeito de pixelização aparecer nas imagens referentes á Cratera de Hale e pelo menos que me conste nunca foi encontrado com estas características em outra fotografia da ESA até ao momento.

 

Como referi, até ontem eu não tinha dado nenhuma importância a esta nova vertente da polémica, mas como precisava falar de anómalias marcianas referentes a possíveis cidades enterradas, achei que não podia deixar passar este tema em claro. Não querendo escrever sobre ele do pé para a mão sem ter opinião formada com base na minha experiência pessoal, resolvi então explorar eu próprio esta famosa fotografia, plenamente convencido que a iria usar apenas na secção de pareidolia como um dos exemplos mais perfeitos.

 

Acontece que a minha própria análise da fotografia desta cratera me surpreendeu pois juro-vos que não esperava obter os resultados que também obti. Desde ontem já devo ter passado a pente fino mais de vinte outras imagens semelhantes do mesmo arquivo da ESA e até agora, tenho que concordar com o que se escreve por aí contra o argumento céptico e debunker de que tudo não passará de fantasias visuais provocadas pela pixelização em excesso.

Quem lida profissionalmente com imagem há tantos anos como eu, conhece bem o que são pixeis e artefactos visuais.

 

São tão temidos e desprezados por quem trabalha na área que se inventaram os programas vectoriais só para acabar com a desgraça das imagens pixelizadas de uma vez por todas.

Como o público leigo está hoje em dia, também naturalmente familarizado com este tipo de artefactos visuais seria então inevitável que o argumento céptico ou o ataque de debunking amador começasse por aí.
Até porque toda a gente pensa reconhecer um pixel pelo seu aspecto embora na verdade muito pouca gente saiba o que é realmente um artefacto de imagem.


No entanto para o leitor comum, a ideia de pixeis será óbviamente a explicação aparentemente mais racional e como tal será sempre a bandeira do cepticismo.

O fascinante nesta questão é que não há muito mais discussão em volta do tema.

Nem pode haver pois só existe duas respostas que satisfaçam os dois campos de opinião á volta da presente anómalia "gráfica". Ou se trata de pixelização, ou não.

 

No que toca á Cratera de Hale, não há mais alternativa.

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A SEGUIR: Artefactos sim, mas não de imagem.

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