PARTE 5
Carl Sagan, fotografias que nunca existiram
e o jogo de gato e rato entre ambas as partes.
Após ter chegado até aqui, pergunta o leitor, então mas que provas há de que as fotografias mencionadas existem sequer? Onde está um local oficial em que qualquer pessoa possa comprovar a existência dessas fotografias e onde se possa comprovar que as fotos são aquilo que os pseudo-cientistas afirmam ser?
Com estas questões na mente, entramos então na parte seguinte.
Informo que vamos passar logo para este novo assunto sem sequer ter falado de dezenas de outros pequenos pormenores que ficaram por contar. Mas como já disse, de outro modo este texto seria interminável.
Mais uma vez, qualquer buraco na lógica dos factos é da minha inteira responsabilidade, pois organizar toda esta informação não é tarefa fácil.
Não é uma desculpa da minha parte.
É uma constatação.
Durante anos a fio, um grupo de pseudo-cientistas gravitando ao redor da Enterprise Mission, mesmo sendo alvo constante de tentativas de ridicularização continuavam a fazer perguntas incómodas. E uma das melhores questões que colocavam era porque razão é que nos documentos de livre acesso ao público notavam-se inúmeros saltos entre números que deveriam ter uma sequência lógica sem quebras.
Uma característica muito popular entre as fotografias Marcianas que, supostamente e como juravam a pés juntos os responsáveis da Nasa eram todas as fotografias que existiam. Não haviam mais imagens além do que as que estariam disponíveis ao público, porque afinal a Nasa não tinha nada a esconder.
Todas as imagens que fossem referidas por supostos cientistas pé-de-chinelo, não passariam segundo a Nasa de foto-montagens e fraudes documentais que apenas provavam a intrujice de quem vinha a público com declarações baseadas em fantasias.
Não haviam mais fotografias. Ponto final !
As aparentes discrepancias entre números de arquivos nos documentos disponíveis eram apenas detalhes insignificantes e erros de arquivo.
Caso encerrado porque a Nasa não perde tempo a responder a acusações de adeptos da Teoria da Conspiração. E ninguém melhor do que Carl Sagan, no auge da sua popularidade por causa da série Cosmos, para servir de porta-voz da Nasa junto dos meios de comunicação.
Para o grande público nem havia discussão. Se Sagan dizia, nem valia a pena perder-se mais tempo a pensar em teorias de "nerds" que não tinham mais nada para fazer na vida do que inventar histórias sobre Marte.
Acontece que os cientistas independentes, podem ser "pseudo" mas nunca foram estúpidos; já tinham algum peso político em Washington muito graças à credibilidade que o relatório McDaniel veio trazer ao trabalho de daqueles que ainda hoje são considerado pseudo-cientistas pelos cépticos.
Após inúmeras campanhas e apelos à opinião pública que pouco resultado tinham a não ser junto dos chamados -malucos das conspirações- que só descredibilizam assuntos legítimos como este, Richard Hoagland aos poucos foi ganhando adeptos para o estudo da Teoria Arqueológica junto de comissões políticas e de senadores, também muito graças à sua ligação de amizade com Arthur C.Clarke e o falecido Tom Van Flandern, dois cientistas com reputações sólidas nos seus campos.
Algumas reuniões foram conseguidas em gabinetes de senadores e estes iam ficando mais abertos ao tema sempre que tomavam conhecimento directo dos seus pormenores. Basicamente durante anos não só se fazia investigação sobre o assunto de Marte, como principalmente tentava-se chegar junto de quem tinha influência política e contribuísse para que toda a polémica da Teoria Arqueológica pudesse o mais rápido possível deixar de pertencer às "catacumbas da conspiração".
Assim durante anos vários membros da comunidade científica americana independente percorreram os corredores do poder tentando interessar os políticos no seu ponto de vista, organizando conferências públicas como a pouco conhecida Conferência nas Nações Unidas de 1992 e indo pessoalmente junto de senadores ou congressistas apresentando abertamente os resultados das pesquisas a quem os quisesse escutar. Tentando fazer com que politicamente se organizasse um grupo de resistência para contrariar ao máximo as aspirações da Nasa em continuar a desacreditar o tema.
Muitos políticos interessaram-se vivamente pelo assunto, mas muitos também tiveram a honestidade de dizer que não se poderiam envolver num campo tão polémico mesmo reconhecendo o mérito dos trabalhos apresentados. Na realidade o assunto de Marte era lateral quando comparado com problemas mais imediatos para o cidadão comum e Marte não dava votos no momento que justificassem a um político colocar a sua reputação em risco.
Apesar de tudo a comunidade independente não desistiu e de cunha em cunha chegaram um dia até ao Senador John McCain que, resumindo, conseguiu ele próprio criar um lobby discreto dentro do Congresso e que nos meses que se seguiram, foi discretamente fazendo campanha "off the record" sobre o tema pelos corredores de Washington.
As coisas correram tão bem que algum tempo depois já havia na capital políticos suficientemente interessados para colocarem de vez em quando uns espinhos no sapato da Nasa.
Isto agora levar-me-ia muito tempo a explicar e teria de ramificar ainda mais esta narrativa central, mas basta dizer que a partir de certa altura a Nasa começou a ver certas e determinadas liberdades a serem condicionadas por pressões políticas exteriores concretas, o que para um organismo que até então estava habituado estar bem longe dos olhares do escrutínio, foi algo que não agradou de modo nenhum aos seus responsáveis, pois agora existiam em Washington um grupo de pessoas com influência que votavam contra toda e qualquer coisa que se parecesse com excesso de zelo por parte da agência espacial.
Ainda por cima estes chatos tinham (e continuam a ter) a agravante de nem sequer poderem ser acusados de pseudo-cientistas, razão porque a Nasa nunca se pronunciou sobre a sua credibilidade ou influência.
Afinal o político inimigo de hoje pode ser o amigo conveniente de amanhã. Mas os tempos estavam prestes a mudar. Não mediaticamente, mas politicamente.
Um dia, a Nasa acordou de manhã e leu nos jornais que uns senadores em Washington (inclusivamente contando com o apoio de Hillary Clinton aliada a John McCain nesta questão) exigiam oficializar um decreto que determinasse a obrigatoriedade das agências públicas financiadas pelo dinheiro dos contribuintes, exporem publicamente todo e qualquer resultado das suas investigações sem se esquecerem de divulgar uma só fotografia que fosse, numa clara mensagem aos esquecimentos da Nasa que tinham sido referidos pelo Relatório McDaniel algum tempo antes.
Caso contrário essas agências poderiam sofrer sanções no seu financiamento e revisões nas carreiras dos responsáveis por retenção de documentação que, pela lei americana, é documentação pública e deveria estar disponível no mínimo em qualquer biblioteca universitária.
Algo utópico é certo, mas com base nesta lei e em muita denuncia anónima de empregados da Nasa que continuaram ao longo dos anos a confirmar a sonegação de documentos por parte da agência espacial, o Senador McCain e o seu lobby de influências conseguiram um resultado que ficou histórico no meio mas que no entanto continua a ser totalmente desconhecido do público.
Foi ordenado à Nasa que disponibilizasse imediatamente todo e qualquer conteúdo fotográfico ou documental respeitante principalmente a Marte, até porque esta estranha atitude de retenção de documentos sempre se verificou principalmente em relação ao planeta vermelho (e à lua).
A seriedade do decreto foi de tal ordem que passadas algumas semanas foi criado na internet o site MSSS debaixo da responsabilidade de Michael Malin (conhecido entre os cientistas independentes como "trickky micky" por andar sempre a efectuar algumas manobras de bastidores que referirei a seguir).
http://www.msss.com/mars_images/ (que actualmente em 2014 já sofreu nova revisão tendo deixado de existir nos moldes que foram tão importantes na altura da sua criação pois hoje está voltado essencialmente para a propaganda ás missões americanas debaixo da capa da informação).
http://www.msss.com
Actualmente em 2014 o site MSSS, já sofreu nova revisão tendo deixado de existir nos moldes que foram tão importantes na altura da sua criação pois hoje está voltado essencialmente para a propaganda às missões americanas. Marketing debaixo da capa da informação.
No entanto na altura, quando foi criado para acatar a ordem do Congresso de que todo o arquivo teria de ser disponibilizado ao público, seria na primeira versão deste site que de acordo com as fontes oficiais deveriam sem falhas, ser colocadas a um ritmo regular todas as fotografias que existiam sobre Marte sem excepção. Milhares e milhares de imagens, para que todo e qualquer cidadão pudesse aceder ao arquivo e verificar por si próprio que a Nasa nunca teve nada a esconder.
Pelo menos seria essa a teoria.
O que não deixa de ser curioso, pois não tivessem sido politicamente pressionados para o fazer, tal site com tão generosa abertura nunca teria sido criado voluntariamente, disso o leitor pode ter a certeza.
Hoje em dia (2014), já lhe deram a volta por completo e aquilo que um dia foi um arquivo cheio de surpresas, actualmente foi muito habilmente convertido em mais um instrumento de propaganda, tendo-se perdido toda a sua verdadeira origem e propósito; sendo o motivo por detrás da sua criação algo que praticamente nenhum dos tais cépticos que se afirmam sempre muito bem informados ou são grandes defensores da verdadeira ciência sequer conhece.
A partir do momento em que o site original de Malin foi criado nos moldes em que tinha sido ordenado pelo governo, durante meses os investigadores independentes vasculharam o gigantesco arquivo. Um arquivo tão grande que até ele ter sofrido uma nova lavagem de cara ninguém tinha ainda conseguido ver tudo o que lá tinha sido despejado.
Procuravam-se então, as tais polémicas fotografias que faltavam nas sequências conhecidas e a tarefa não foi fácil, pois o arquivo apesar de parecer muito arrumado no seu aspecto exterior, na realidade era um labirinto imenso que aparentemente contradizia uma organização que deveria existir mas não existia.
Apesar de relativamente arrumadinho no início por a Nasa ter sido obrigada a declara-lo arquivo público, após passar o efeito mediático do assunto começaram-se a notar os primeiros efeitos daquilo que até há bem pouco tempo foi um padrão comum, mas felizmente está a mudar desde que se conseguem aceder ás novas imagens da missão “Curiosity”.
Embora no que se refere ás anomalias mais antigas a coisa se mantenha completamente “desorganizada” como regra geral.
Ou seja, as imagens que já estão -“aprovadas”- pela Nasa são do mais fácil que há de serem encontradas; mas agora suponhamos que um de vós há alguns anos atrás descobria uma foto fantástica que continha algo que merecia uma maior investigação. Uma foto com uma anomalia por demais evidente.
Imaginem que vocês divulgavam-na na altura no vosso site de investigação ou num site de divulgação como o meu; que iam a uma rádio ou a uma entrevista na televisão divulgar a descoberta e que de repente tornavam a “vossa imagem" com a anomalia marciana bastante popular dentro do meio.
Mais certo seria no dia a seguir, quando voltassem ao arquivo descobrirem para vosso espanto que a fotografia tinha mudado de lugar e já não se encontrava onde estava no dia anterior.
Obviamente teriam de começar novamente à procura dela se não a tivessem gravado.
Foi este este o padrão nos sites de Malin assim que as luzes dos holofotes mediáticos se apagaram e os media se desinteressaram. O que era oficial era do mais visível e disponível que existia.
O resto, diziam, eram exigências da reorganização constante (!) do arquivo e por isso as imagens nunca ficavam muito tempo no mesmo lugar.
É por esta razão que vocês em alguns sites de investigadores independentes, muitas vezes encontram uma fotografia que merece mesmo a vossa atenção, está lá a analise da pessoa que trabalhou nela mas depois verificam que o link que o investigador colocou (e que serviria com prova de que a imagem eram mesmo retirada dos arquivos de Malin), se encontra agora quebrado parecendo que nunca existiu.
Isto levou durante vários anos a um interminável jogo de gato e rato entre "Tricky Micky" e os cientistas independentes que muitas vezes passavam mais tempo a tentar provar novamente que a imagem analisada existia em arquivos da Nasa do que a prosseguir o seu trabalho de investigação. O que convenhamos, é uma excelente táctica de desinformação há muito usada pela Nasa. Ainda por cima legal.
Este tipo de estratégia tem lhes sido bastante útil ao longo dos anos pois não está fora da Lei. Na altura para todos os efeitos a Nasa continuava a disponibilizar os arquivos ao público (tal como lhes foi ordenado pelo estado), mas a verdade é que lhes devia dar um jeito extraordinário puderem mudar a ordem do posicionamento das imagens à vontade.
Especialmente quando num debate ao vivo numa rádio , um investigador incitava toda a audiência a ir verificar a existência de uma imagem mais polémica e depois o link já não estava activo. É que nem sequer era substituída por outra imagem diferente (como supostamente deveria acontecer se houvesse uma inocente rotação de arquivo); quando uma imagem polémica desaparecia dos arquivos de Malin normalmente o que ficava para trás era sempre um link quebrado.
Semanas depois, ás vezes muitos meses até, a imagem era recuperada em outra posição mas depois é óbvio que nessa altura a credibilidade do cientista que deu a cara nos debates já não estaria tão boa como quando o debate sobre a imagem se deveria ter realizado. Sendo tarde demais para confrontar qualquer responsável sobre a mesma e portanto, aos olhos do público, obviamente tudo seria remetido para a tão popular categoria da Teoria da Conspiração para grande divertimento dos debunkers e descrédito dos cépticos.
Só duas notas à parte.
Uma para um muito breve resumo a propósito de Michael Malin. O Dr. Malin foi o especialista de imagem contratado pela Nasa logo a seguir às missões Viking e desde então é um dos "dinossauros" da organização, sendo o criador de todas as câmeras usadas nas missões a Marte pelos americanos e o único (notem bem), único responsável pela sua operação, até há bem pouco tempo.
Tendo obtido inclusivamente durante anos o estranho privilégio de ter uma licença especial por parte da direcção da Nasa, para manter longe dos olhos de toda a gente, toda e qualquer fotografia tirada em Marte durante um período de seis meses !
Ninguém estava autorizado a trabalhar com as fotos antes dele e só examinavam as fotografias que Malin considerasse estarem -“preparadas”- (tomem nota da expressão), para serem libertadas a público.
Contestado durante anos sem se dignar a responder a qualquer questão ou desafio até ter sido obrigado a responder na comissão de inquérito, sobre as fraudes nas imagens da Face on Mars, Malin teve a sua maior derrota a quando da vitória política conseguida pelo Senador McCain e que o fez perder os privilégios no que respeita ao direito de reter as fotografias por longos períodos de tempo.
Voltando então ao arquivo de Malin, resta apenas dizer que o melhor nesta história ainda estava para vir.
Segunda nota para voltar a referir que contrariamente ao que muito leitor mais céptico possa pensar, toda a minha narrativa assenta essencialmente em factos que acompanhei quase em directo; primeiro pelos inúmeros debates na rádio que acompanhei na altura dos acontecimentos que narro, como também subsequentemente em algumas peças jornalísticas a que tive acesso quando a internet surgiu em força.
Apenas uma pequena percentagem de tudo o que aqui relato é fruto de leituras de artigos subjectivos ou baseado em quaisquer sites com informação de terceira mão.
Quando a informação foi adquirida em sites uso apenas páginas de cientistas como Tom Van Flandern e só muito raramente quando posso comprovar alguma informação recorro a sites generalistas sobre enigmas. Desde há algum tempo participo também num par de bons grupos de discussão que me permitem manter-me actualizado.
Acompanho este tema há quase 30 anos, desde há muito que aprendi a filtrar o trigo do joio e tenho sempre o máximo cuidado em cruzar informações até escrever sobre elas.
Fora isso há alguma bibliografia indispensável que vai desde Carl Sagan a Graham Hancock, passando por Richard Hoagland, Mark Carlotto, Michio Kaku, entre muitos outros.
É sempre bom relembrar isto pois -O Enigma de Marte- tem essencialmente por base muito daquilo que tenho acompanhado às vezes em directo sobre esta temática e tem como objectivo acima de tudo servir de meu arquivo em jeito de diário pessoal sobre tudo o que há de fascinante neste tema e que ainda irá dar muito que falar.
Posto isto, continuemos…