FACE ON MARS
PARTE 04
"Over my dead body !! - Só por cima do meu cadáver !!"
Os leitores mais novos ou apenas menos atentos a este tema não se recordarão, mas no início dos anos 90 a polémica estava no auge e quando a Mars Observer foi lançada com destino a Marte a comunidade independente (nesta altura continuamente alvo de ataques de debunking profissional), viu nisso a oportunidade de resolver estes enigmas de uma vez por todas e limpar publicamente o nome de muita gente que entretanto tinha sido automaticamente apelidada de pseudo-cientista apenas por se recusar a seguir a cartilha oficial.
Acontece que nada parecia fazer com que a Nasa/JPL concordasse em fotografar de novo a Face on Mars, inclusivamente Michael Malin, deus e senhor de todo o equipamento fotográfico que punha e dispunha sobre o destino de todas a fotografias marcianas na altura, chegou a dizer que só fotografaria a Face on Mars durante a missão da Mars Observer, passo a citar:
“Over my dead body !” - Dr Michael Malin (início dos anos 90)
Como se essas palavras não tivessem chegado para agitar a discussão, foi também anunciado que a partir daquela missão a Nasa deixaria de transmitir imagens em directo para a comunicação social e o Dr. Michael Malin poderia dispor de um tempo que poderia chegar aos seis meses para “preparar” aquilo que ele depois determinaria poder ser mostrado ao público.
Curiosamente no meio de tudo isto, eis que surge a Universidade da Califórnia com o seu conceituado departamento de psicologia dirigido pelo Dr Stan McDaniel e que ao longo de várias décadas foi o director daquilo a que os americanos designam por um “Think Tank”; que essencialmente funciona como uma espécie de agência de consultoria junto do governo americano para vários assuntos e é parte constituinte da forma como politicamente se planeiam muitas movimentações, renovações, mudanças, etc; no sistema americano.
Existem vários “Think Tanks” espalhados pelos Estados Unidos e a reunião de todos eles funciona um pouco como um conselho de estado, sem poderes efectivos obviamente, mas com grande influência na própria máquina política e em ultima análise na sociedade americana.
Neste caso, a organização a que o professor Stan McDaniel pertence está então ligada à sociologia, era e continua a ser essencialmente consultada pelas suas análises rigorosas sobre as várias metodologias de funcionamento das instituições chave dentro da sociedade norte americana de forma a determinar o seu comportamento e a forma como os vários organismos são geridos; funcionando como uma espécie de mecanismo conselheiro para quem toma decisões e ao mesmo tempo como uma espécie de regulador que garante o funcionamento mais correcto possível de pontos chave que alicerçam muitas instituições.
Tudo isto para dizer o quê ? Para dizer que também o Dr Stan McDaniel tinha ficado intrigado com a revelação das “inverdades” da Nasa alguns anos antes e decidiu tirar a limpo toda a verdade sobre o que se passava.
Note-se apenas que McDaniel nunca esteve ligado a qualquer aspecto da investigação marciana o que lhe grangeou uma posição independente perfeita para tentar saber mais sobre o assunto.
Isto porque ele também estava plenamente convencido de que no clima que se vivia , toda a polémica já estava a entrar mais pelo campo da Teoria da Conspiração do que pelo lado científico e portanto antes que as coisas se tornassem mais difusas, McDaniel decidiu dar início a uma investigação destinada a demonstrar ao público que a Nasa não dizia “inverdades” e muito menos alguma vez teria mentido sobre o que quer que fosse.
O estudo por isso mesmo, não visava apenas a Nasa e foi dirigido de forma generalizada simultaneamente a várias instituições-chave da sociedade americana com o mesmo objectivo. Perceber como funcionariam e acima de tudo qual o grau de controlo ou descontrolo existente nos pontos chaves dessas mesmas instituições.
O capitulo sobre a Nasa foi apenas um entre tantos outros, mas por causa das suas conclusões surpreendentes acabou por ser aquele que ainda hoje é citado como exemplo daquilo que deveria ser o molde de uma verdadeira investigação independente dentro do próprio Estado que não hesita em concluir o que for preciso concluir e descobrir o que exista de errado para ser revelado.
Coincidentemente na altura em que Michael Malin afirmava nos media, que só por cima do seu cadáver é que ele, dono e senhor de todas as câmeras da sonda, alguma vez fotografaria a Face on Mars, eis que a Nasa recebe directamente das mãos do Professor McDaniel as primeiras conclusões do relatório agora famoso, detalhando toda a conduta errónea da agência espacial desde o tempo das missões Viking.
Ao se conhecer o seu conteúdo nos media americanos a Nasa encontrou-se numa posição que não esperava e com muita gente a apontar-lhe o dedo, exigindo respostas concretas às conclusões do McDaniel Report; entre essas vozes estavam as do próprio Congresso Norte Americano.
Encostado à parede, Michael Malin viu-se obrigado a mudar de opinião e a Nasa logo anuncia que afinal sempre iria fotografar Cydonia, não para resolver o mistério da Face on Mars, mas porque afinal, estaria interessada na região por questões geológicas.
Entrando mais uma vez em contradição pois anteriormente Malin tinha jurado que a órbita da sonda nem passaria pela zona sequer e portanto não haveria maneira de fotografar o que quer que fosse.
Pelo visto agora já era possível.
Ficou-se a saber nesta altura também, que contrariamente ao que Michael Malin sempre tinha afirmado ser impossível de acontecer, afinal durante a duração da missão, a Mars Observer iria passar por cima de Cydonia mais de 40 vezes!
Malin sempre argumentara que em dois anos a sonda só iria passar por cima de Cydonia uma única vez.
Chega o dia marcado para a fotografia que ia resolver esta questão de uma vez por todas.
Três dias após a Nasa ter recebido o McDaniel Report, a sonda aproxima-se da região de Cydonia e …
PUF !
Perdeu-se para sempre o contacto com a Mars Observer.
No entanto, porque desta vez a emissão já não era em directo, o desaparecimento da sonda não foi logo divulgado ao público quando ocorreu.
A Nasa esperou 14 horas até revelar que tinha perdido o contacto com a nave.
Durante esse tempo Richard Hoagland num debate televisivo da ABC confrontava um eminente representante da Nasa com muitas irregularidades semelhantes em tudo ao que o Relatório McDaniel tinha apurado sobre o comportamento da agência espacial.
Metaforicamente falando, o Dr. Bevan French, cientista da Nasa ligado ao programa da sonda marciana na altura foi literalmente trucidado em directo prestando um péssimo serviço à imagem que pretendia limpar naquele dia e deixando muita gente do público intrigada começando a fazer perguntas incómodas demais.
Algo a que Washington também estava atenta.
A divulgação do relatório McDaniel, obrigou o departamento de relações públicas da Nasa a fazer tudo para tentar restabelecer a imagem imaculada que a agência espacial anteriormente tinha tido, apenas não contava com a preparação que Hoagland trouxera para a mesa de discussão e o tiro saiu-lhes literalmente pela culatra; (até porque nesta altura Hoagland era ainda um divulgador respeitado saído do mainstream).
Curiosamente ou talvez não, alguns minutos após o desastroso resultado de relações públicas na televisão, a Nasa anuncia aos americanos que tinha perdido a Mars Observer.
Mais de dez horas depois de tudo ter acontecido !
E com isto, as atenções deixaram de estar centradas no falhanço do debate ou no conteúdo incómodo do relatório McDaniel e todo o foco dos media se voltou para o desaparecimento da sonda americana.
A sonda não podia ter -“avariado”- em altura mais propícia para a Nasa.
Não só não se tiraram as fotografias de Cydonia a que Malin tanto se opusera como ainda por cima os
media deixaram de se interessar pelo polémico relatório McDaniel no segundo em que a Mars Observer…desapareceu.
Nem de propósito, comentaram alguns…
Explicação coerente para o desaparecimento da sonda não houve e até hoje segundo muita gente continua a não haver. Mais tarde veio no entanto a saber-se que a razão porque não houveram nenhuns dados técnicos sobre o desaparecimento da nave, foi porque a Nasa tinha desligado a telemetria da Mars Observer precisamente quando esta se preparava para passar por cima de Cydonia, o que deixou muita gente estupefacta na comunidade científica e astronáutica pois não havia, nunca houve e ainda não há qualquer justificação oficial plausível para alguém ter ordenado uma coisa daquelas.
A única desculpa da agência justificando que o tinha feito para não danificar os instrumentos foi rapidamente descartada por toda a gente porque se a justificação fosse legítima o mesmo padrão teria de ser sempre seguido para diferentes áreas do planeta menos polémicas e não utilizado apenas ao sobrevoar a controversa região de Cydonia.
Isto porque simplesmente sem telemetria o centro de controlo não tem qualquer hipótese de saber o que a sonda encontra pela frente ou o que poderá levá-la a desaparecer como foi o caso; precisamente na altura mais conveniente para Michael Malin e para o seu argumento fundamentalista contra qualquer hipótese de artificialidade.
Quando oficialmente a Nasa ainda andava a tentar restabelecer o contacto com a Mars Observer surgiram ideias de vários sectores. Uma entre tantas afirmava que uma boa hipótese para levar a sonda a responder seria enviar um sinal que essencialmente fizesse um reboot do sistema tal como se faz num simples computador, pois segundo os especialistas aquele “simples” gesto poderia remeter o software da sonda ao estado inicial e com isso reactivar a comunicação.
Rapidamente esta sugestão ganhou adeptos entre a comunidade técnica, mas estranhamente a Nasa reagiu com outra afirmação enigmática que ainda hoje leva muita gente a pensar…
Segundo afirmaram os responsáveis da missão a ideia de fazer reboot ao computador da sonda era puro suicídio, porque se algo corresse mal, isso poderia fazer com que…se perdesse a sonda !
O que imediatamente levou muita gente logo a perguntar…
Então, mas a Mars Observer não estava já perdida ?!
Ainda por cima nessa altura já estava perdida há dias e tudo indicava que ficar ainda mais perdida seria impossível !
Por isso porque não tentar fazer realmente um reboot ao sistema da sonda ?
Especialmente quando nada garantia que tudo não passasse apenas de um problema de comunicação entre sub-sistemas internos da própria nave. Uma situação que poderia ser facilmente ficar resolvida com um bocado de sorte, especialmente quando não havia nada a perder.
A Nasa recusou.
A sonda estava selada nos livros de história como estando oficialmente perdida, tendo no entanto, Michael Malin poucos dias depois vindo vociferar para os media que agora por causa de pseudo-cientistas que queriam fotografar marcianos, tinha-se perdido para sempre um equipamento de muitos milhões de dólares suportado pelos contribuíntes; o que foi visto pelos investigadores independentes como uma clara tentativa de voltar a desviar a atenção da opinião pública daquilo que realmente as pessoas queriam saber.
Para muita gente, só se podia concluir que o relatório do professor McDaniel tinha sido mais marcante do que alguma vez este esperaria.
Não só permanece ainda hoje como tendo sido a única vez que a comunidade independente conseguiu chegar aos media mainstream e demonstrar claramente a verdadeira actuação da Nasa, como muita gente continua convencida que a existência do documento e a sua divulgação pública na altura contribuíram decisivamente para o oportuno “desaparecimento” da Mars Observer, pois tal como numa verdadeira Teoria da Conspiração, há quem acredite que a sonda continuou por mais uns anos a fotografar tudo e mais alguma coisa bem longe do olhar de gente inoportuna como o professor Stan McDaniel ou dos chatos no Congresso e Senado, que se estariam a meter onde não eram chamados.