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PARTE 4

Os anos da guerra. Faces, filtros e assuntos encerrados.

 


Após ter ficado bastante intrigado com o livro de DiPietro e Molenaar, ( a que se somou a investigação do Dr Mark Carlotto também), Richard Hoagland movido por uma curiosidade jornalística e científica decidiu tirar a limpo o que haveria de verdade sobre as alegações daqueles dois cientistas da Nasa que de repente vinham a público falar, não de homenzinhos verdes, mas sim de achados arqueológicos que pareciam saídos de um romance de Bradbury ao melhor estilo Crónicas Marcianas.

Richard Hoagland , também ele um céptico nessa altura por incrível que isso agora nos pareça, tinha sido uma das pessoas presentes na conferência de imprensa de 1976 quando a Nasa anunciara oficialmente que a Face on Mars não passava de uma ilusão de óptica e portanto também ele se tinha ido literalmente embora para casa sem questionar sequer duas vezes a desmistificação do achado no momento em que esta foi feita junto dos media.

Ainda hoje Hoagland afirma que o maior erro da sua vida foi nem sequer se ter lembrado de perguntar nesse dia, afinal onde estaria a segunda fotografia que a Nasa afirmava provar cabalmente que tudo não passava apenas uma brincadeira da natureza.


Na época, também ele ouviu a explicação e não pensou mais no assunto até ter pegado no livro de D&M.
Afinal (mais uma vez ao contrario do que hoje parece), Hoagland passara toda a sua carreira ligado ao sistema científico ortodoxo, tinha uma boa reputação como comentador científico e pertencia a uma geração para quem a Nasa era a agência do futuro da humanidade. A instituição impoluta de onde ninguém alguma vez esperaria mais qualquer coisa do que apenas a verdade e nada mais que a verdade. Exactamente a mesma ideia que ainda permanece na imaginação de grande parte das pessoas que se afirmam cépticas, estando muito do seu cepticismo curiosamente ainda assente nesta imagem de honestidade que a Nasa sempre soube muito bem como cultivar na mente das massas.

 

Inicialmente com bastantes dúvidas sobre todo o tema da Face on Mars, Hoagland acabou no entanto cativado pelo resultado do trabalho dos dois cientistas (apesar de inicialmente os ter contactado apenas por causa de uma outra questão científica a propósito dos anéis de Saturno que agora não vem ao caso por ser irrelevante para esta narrativa).


Perante a recusa da Nasa em examinar sequer as conclusões dos dois homens, Hoagland um veterano dos media desde os anos da Ida à Lua, tendo sido inclusivamente conselheiro cientifico da NBC, achou que ele próprio seria a pessoa ideal para dar a conhecer ao mundo qualquer trabalho menos mediático, pois se houvesse algo de realmente que precisasse ser divulgado ao mundo, o mundo precisaria de um profissional da comunicação com história e trabalho feito como ele. Julgava Hoagland na sua ingenuidade que mesmo que a Nasa não estivesse interessada em meter-se em revelações polémicas os assuntos poderiam no entanto ser na mesma trazidos para a praça pública por outros meios, que ele já tantas vezes tinha usado na sua carreira. Mal sabia Hoagland o quanto estava enganado a respeito dos mesmos media que ele julgara sempre tão imparciais nestes assuntos científicos, pois não só o seu currículo de nada lhe serviu para dar credibilidade à exposição do tema como ao longo das décadas acabou por sofrer ataques que hoje são irremediáveis, dado o elevado número de “currículos” fictícios que a partir da década de 90 começaram a surgir na internet como cogumelos sobre a sua pessoa.


No entanto no início de toda a divulgação do assunto, munido dos seus contactos e das suas influências no meio, Richard Hoagland acabou no processo por arrastar consigo o antropólogo Dr.Randolpho Pozos e juntos fundaram em 1983 a "Independent Mars Investigation" conseguindo nesse mesmo ano apresentar conclusões científicas suportadas por bases suficientes para receber 50 mil dólares em fundos do prestigiado "President´s Fund" que incentivava na época a investigação científica em todos os campos. Especialmente em projectos que estivessem na vanguarda da investigação. O tema do estudo da Face on Mars encaixava como uma luva nesses critérios e os cientistas receberam a bolsa.


Encaixava tão bem, que com o passar do tempo, com o aprofundar da seriedade da investigação e subsequente publicidade mediática à sua volta, esses fundos tenham sido a pouco e pouco retirados sem grande explicação; pois afinal quanto melhores resultados os investigadores independentes obtinham, menos verba para continuarem as investigações saía de qualquer fonte ligada ao sistema oficial.

Especialmente quando as conclusões científicas apresentadas teimavam em contradizer o que já tinha sido declarado oficial pela Nasa a respeito do tema.
Sendo assim no início de 1983,  Hoagland, DiPietro, Molenaar, o Físico Dr Brandenburg entre muitos outros independentes apoiantes da Teoria Arqueológica organizaram uma enorme conferência de imprensa onde deram oficialmente a conhecer ao público o facto de que afinal a polémica sobre a Face on Mars não estaria encerrada ao contrário do que tinha sido oficializado na conferência de imprensa de desmistificação oficial no final dos anos 70.


Mas voltando ainda um pouco mais atrás; na segunda fotografia da Face on Mars, ("Frame" 70A13") eis que foi encontrada não só a famosa Cara, como também se descobriu-se aquilo que veio a ser conhecido com a designação -“The City"( A Cidade ).
Um conjunto de "estruturas" cujo o alinhamento veio tornar toda esta história ainda mais controversa, localizadas dentro da área que abarcava também a “D&M Pyramid” e todas as outras que tanta polémica levantavam desde a sua descoberta no início dos anos 70.
 

Infelizmente o mero facto da existência destes pormenores e o facto de terem sido tão incrivelmente interpretados, só veio dar mais "munição" à Nasa para desacreditar o esforço de quem se propunha fazer um trabalho sério sobre todas as curiosas anomalias que mereciam no mínimo ser devidamente investigadas por quem teria o dever de o fazer.


Mas sobre isto em pormenor falarei mais tarde. Por agora fiquem apenas com a certeza de que a Face on Mars não foi apenas a única "anomalia geológica" presente num sitio da superfície marciana onde não deveria aparecer.
Existem muitas mais "estruturas" suficientemente interessantes, pois se estas anomalias não existissem em quantidade abundante, por muitas teorias que houvessem tentando demonstrar a artificialidade da Cara Marciana estas nunca teriam a força que têm hoje em dia. Fiquem apenas com a certeza de que a "Cara em Marte" nem sequer é a prova mais evidente de artificialidade para os designados "monumentos de Marte".


Podemos no entanto começar pela análise da Cara, já que foi a primeira anomalia a ser descoberta pelas missões Viking, é a mais famosa e é a referência usada pela Nasa para atacar o trabalho dos investigadores independentes.
Se já leram os capítulos sobre a Face on Mars presentes nesta obra, naturalmente irão reconhecer alguns elementos repetidos na exposição que se segue, mas como eu disse no início do livro, esta repetição e cruzamento de informações é não só inevitável como principalmente é indispensável que aconteça quando se pretende explicar tudo o que existe de importante e sério ao redor deste enigma de Marte.
Continuemos.

Como muitos dos leitores se devem recordar dos telejornais há alguns anos, a Nasa (em mais uma das suas conferências de imprensa), provou definitivamente que a Cara não passava de uma montanha.
Apesar de (novamente) para o mundo a formação enigmática ter sido desmistificada, o assunto não morreu por aqui; embora curiosamente o que aconteceu meses depois nunca foi mediatizado, demonstrando-se mais uma vez que em termos de divulgação científica por parte da Nasa, tudo o que se refere a polémicas marcianas tem na Terra dois pesos e duas medidas.


Afinal mesmo sem o mundo se ter dado conta, parece que o "feitiço se virou contra o feiticeiro", pois por causa desta chamada "prova irrefutável", a Nasa foi novamente apanhada em contradição e forçada uma vez mais a admitir que tinha havido - “um erro de interpretação".


Aposto que nenhum dos leitores viu isto na televisão e muito menos numa conferência de imprensa oficialmente promovida pela Nasa.


Obviamente que não. Para o comum dos leitores é um facto que nunca existiu. E como não pertence à memória colectiva popular muito debunker amador acredita sinceramente que nada se passou e tudo não passará da habitual -Teoria da Conspiração.


Certamente que o leitor nunca se apercebeu desta notícia, que inclusivamente chegou a aparecer num site mainstream sobre Marte como o MarsNews.com quando o tema ainda não estava definitivamente selado como sendo tabu. Curiosamente ainda se encontra online (2014).

 

 

A imagem acima (clique para ampliar), contém apenas um excerto.

Sigam o link para lerem a notícia completa:

http://www.marsnews.com/news/20021108-cydonia2images.html

 

Mas mais uma vez, voltemos novamente atrás no que toca ao assunto, para avançarmos uns anos adiante no tempo, cronologicamente falando.


Desde o início dos anos 80 quando esta temática ainda não estava remetida para as catacumbas da teoria da conspiração, a pressão pública para que se fotografasse convenientemente a região de Cydonia vinha aumentado a cada novo teste divulgado pela comunidade independente que apontasse para a artificialidade de anomalias.
Não querendo repetir aqui tudo o que podem ler, ou poderão já ter lido em detalhe nos capítulos especiais dedicados à Face on Mars deste meu trabalho, essencialmente o que se passou por volta de 1993 foi o seguinte...
A sonda Mars Observer estava a chegar a Marte. De vários quadrantes a Nasa era pressionada para re-fotografar a Face on Mars e provar de uma vez por todas que afinal os resultados que apontavam para artificialidade, obtidos nas investigações de DiPietro, Molenaar, Mark Carlotto e depois também pelo Dr John Brandenburg, não passariam então de erros de interpretação ou fantasias.


Ainda não estávamos na era da internet e portanto a polémica restringia-se aos círculos científicos com dois campos distintos.
Mediaticamente a coisa decorria em debates nas rádios norte-americanas e em pequenas entrevistas em cadeias como a CBS numa altura em que os agora designados pseudo-cientistas ainda eram convidados em programas ligeiros mainstream para exporem o assunto em breves minutos e a Nasa ainda aceitava pequenos debates-relâmpago para encher televisão.


Portanto no início dos anos 90, tínhamos de um lado a Nasa que controlava todas as imagens marcianas e que defendia com unhas e dentes a visão ortodoxa de um Marte vermelho, morto e sem qualquer hipótese de vida, presente ou passada (o Marte oficializado nos final dos anos 70, de que hoje muito céptico já nem parece recordar-se).
Do outro lado, mais de duas dezenas de cientistas independentes fora dos círculos da Nasa (oriundos de várias partes do mundo inclusive), que insistiam em apresentar estudos apontando para a forte possibilidade de existirem artefactos arqueológicos na superfície marciana.

Ainda não existia internet e como tal a perspectiva céptica amadora ou de debunking fundamentalista-de-sofá que descredibiliza tudo em forums online ou comentários no Youtube no estilo toca-e-foge ainda não estava democratizada.  


O sistema Nasa/JPL limitava-se a publicar artigos nas suas revistas científicas ou a publicitar um Marte morto e intensamente vermelho que tinha oficializado à pressa anos antes a quando da descoberta da Face on Mars, tentando desacreditar qualquer tentativa de popularização dos estudos independentes sobre tudo o que fosse assunto menos politicamente correcto para a ortodoxia científica americana estabelecida anteriormente.


Curiosamente, foi no meio de toda essa pressão para que a Nasa resolvesse de uma vez por todas a polémica fotografando as formações em questão, que para surpresa de todos foi anunciado que afinal, a partir desse momento as sondas deixariam de transmitir imagens em directo e a Nasa reservava-se no direito de ter pelo menos seis meses para "preparar" todas as fotografias antes de escolher quais as que seriam depois mostradas a público !


Tinha-se acabado a tão democrática e popular política de abertura da Nasa em relação aos media e naturalmente toda a gente questionou se a medida, não visaria apenas precaver que as sondas voltassem novamente sem querer a mandar para o público fotos de coisas que não tinham nada que existir…
Lembrem-se que anteriormente a ideia presente nas missões Viking era a de que a Nasa iria finalmente descobrir vida microscópica em Marte, pois todo o marketing dos anos 70 tinha sido feito à volta dessa ideia.


Portanto o facto de alguém, ainda por cima dentro da própria Nasa ter encontrado uma "estátua" em Marte precisamente antes das experiências biológicas terem tido sequer hipótese de ocorrer, fez com que a Nasa se encontrasse perante uma situação inesperada para o qual não havia nenhum antecedente histórico. Especialmente quando todos os media estavam a acompanhar a missão em directo ao minuto.


Numa altura em que a intenção seria apenas a de se começar linearmente por descobrir uns bichinhos microscópicos bem pequeninos de modo a não causar muito impacto social e ir muito devagarinho habituando as pessoas à ideia de vida…fora da Bíblia…quero dizer, -fora da Terra- o simples facto de um cientista da Nasa ter descoberto uma imagem de algo que parecia uma construção artificial mesmo ao lado de onde se pretendiam fazer as experiências que iriam -oficializar- a vida microscópica em Marte, veio colocar as autoridades perante um dilema inesperado.


Um dilema que imediatamente foi resolvido à pressa com a  rápida desmistificação da fotografia original da Face on Mars e a determinação de que Marte seria para todos os efeitos um mundo morto e sem vida. Um planeta intensamente vermelho sem quaisquer parecenças com a Terra e portanto, pelo menos para o público dos anos 70, um mundo alienígena incapaz de alguma vez poder ter tido sequer vida orgânica à sua superfície, quanto mais vir também com uma anomalia em forma de estátua ainda contradizer…a visão bíblica americana…perdão, contradizer aquilo que já estava selado nos livros científicos ortodoxos.


Isto independentemente dos resultados obtidos pelo Dr.Levin na mesma altura que dias depois conduziu a experiência que no final dos anos 70 descobriu vida extraterrestre pela primeira vez na história oficial da humanidade.

O mesmo Dr Gilbert Levin que pura e simplesmente foi apagado da história oficial como tendo sido o primeiro cientista, não só a descobrir vida orgânica fora da Terra, como a provar a sua descoberta, como o leitor poderá constatar se investigar a vida do senhor, a sua carreira científica e os dados detalhados sobre a sua descoberta que estão disponíveis no seu próprio website.

 

E principalmente se encontram em muitos outros artigos surpreendentemente não conspirativos, actualmente até bem mainstream que se encontram espalhados pela imprensa mundial online e que pouco a pouco abre caminho para o reconhecimento deste senhor pela sua contribuição histórica que ficou em pausa.
Portanto, de volta a 1993, a recusa da Nasa, não autorizando imagens em directo de Marte com a Mars Observer só veio contribuir para que a pressão de re-fotografar Cydonia se tornasse mais forte.

 

Tão forte na altura, que inevitavelmente passou a ser um facto político quando a comunidade independente chegou junto do congresso americano a partir do momento que Michael Malin, responsável máximo pelas imagens marcianas, disse na comunicação social que só fotografariam Cydonia:

 

 

"Over my dead body !” - Michael Malin - Malin Systems 1993
 


A Nasa decididamente andava em maré de azar no início dos anos 90, pois tal como referi no capítulo sobre a Face on Mars, precisamente nessa altura veio a público com grande interesse por parte da comunicação social, o agora bastante conhecido "McDaniel Report" que até hoje foi talvez a melhor análise critica da conduta da Nasa no que toca à desmistificação de enigmas que deveriam suscitar curiosidade científica e estranhamente foram pura e simplesmente ignorados oficialmente.


Na altura em 1993 o pior para a Nasa é que dessa vez não podia minimizar o documento, pois ele provinha de uma das mais importantes instituições académicas independentes americanas, a que o próprio governo recorria (e ainda recorre), para vários estudos. Uma instituição que se especializara precisamente em análises políticas, económicas e acima de tudo sociológicas. E longe de qualquer coisa que tivesse a ver com - Teorias da Conspiração -, diga-se de passagem.


Em 1993 a última coisa que a Nasa precisava no meio da pressão para re-fotografar Cydonia era que tivesse aparecido um estudo independente, reconhecido e que a agência espacial norte americana desta vez, não podia contestar ou descredibilizar.

Um estudo onde se referia com grande destaque o péssimo trabalho científico que a agência espacial estranhamente sempre produziu em redor de tudo o que fossem anomalias marcianas e principalmente a quando da primeira desmistificação-relâmpago da Face on Mars nos anos 70.
O relatório foi tão directo e contundente sobre todas as falhas da Nasa nesse aspecto que até hoje foi pura e simplesmente ignorado. Nunca foi sequer alvo de qualquer tentativa de debunking por parte da Nasa (apenas é “debunkado" por debunkers amadores em comentários online obviamente) e simplesmente a posição oficial até hoje é a de pura e simplesmente continuar a ignorar a sua existência.


Aposto que o leitor nunca o viu referido em qualquer documentário sobre Marte no Discovery Channel .
No entanto, na altura o McDaniel Report foi tão importante que o seu aparecimento foi peça central na determinação política de que a Nasa seria obrigada a fotografar Cydonia.

Resumindo, as pressões sucederam-se, o congresso interveio, Michael Malin teve que recuar e Washington ordenou à Nasa que de uma vez por todas fotografasse a Face on Mars de modo a resolver toda a polémica.
Afinal, quem não deve não teme e nada lá estivesse a não ser pedras sem qualquer importância não haveria sequer qualquer atraso na missão principal até porque a própria órbita da Mars Observer ia levá-la a passar pela Face on Mars apenas algumas horas depois.


Resultado, três dias depois do McDaniel Report ter sido entregue no Congresso e simultaneamente também à direcção da Nasa…no preciso momento em que a sonda passava por cima de Cydonia para fotografar a Face on Mars...

PUF !
Perdia-se oficialmente o contacto com a Mars Observer.
Para sempre !

Passam-se alguns anos, a sonda cai no esquecimento do público leigo que tem mais em que pensar e a partir da grande expansão da internet, com o aparecimento de inúmeros sites de discussão sobre estes assuntos, todo o historial desta polémica começa a ganhar contornos de -Teoria da Conspiração.


Não por culpa da comunidade científica independente que continuava a fazer o seu trabalho e a contestar a Nasa sempre que era devido no que toca a este tema da Teoria Arqueológica Marciana, mas porque agora a batalha da descredibilização tinha passado das revistas e dos círculos científicos ortodoxos para o campo da discussão popular.
Se por um lado, a democratização da internet veio ajudar a divulgar esta temática, a verdade é que também a remeteu para uma nova categoria de Teoria da Conspiração a partir do momento em que o próprio sistema também tirou vantagem do meio para divulgar a sua versão dos factos; e pior ainda, para lançar a mais variada desinformação ao longo dos anos.

Há que dizer que o sistema ortodoxo fez um excelente trabalho em criar tanto novos cépticos como em formar muita gente na arte do debunking.
Particularmente nas gerações que têm hoje 20 ou 30 anos e nunca tiveram a mínima noção de todo o historial que o assunto já carrega.
Não deixa de ser fascinante como na suposta era da informação há tanta gente a desinformada convencidíssima de que está na posse de tudo o que são factos fidedignos sobre -o que importa realmente saber-se.


Nomeadamente sobre este tema pois a Teoria Arqueológica Marciana e o assunto da descoberta de vida em Marte é um bom exemplo de como se formam paradigmas que depois passam aos olhos do mundo por factos consumados totalmente sérios e científicos, apenas porque são transmitidos às massas por instituições em que as pessoas confiam; porque sempre lhes disseram para confiar.

Passados alguns anos, sobre o misterioso desaparecimento da Mars Observer, prepara-se nova missão e em 1997 a nova sonda
Mars Global Surveyor (MGS), chega também a Marte.
Novamente, apesar da grande resistência por parte da Nasa, a pressão da "opinião pública" começou a dar os seus resultados. Iniciou-se uma campanha feita através de talk-radio nas rádios e jornais independentes por um lado e noutra vertente ainda mais importante e eficaz, também através de pressões políticas.

Pressões políticas essas exercidas por senadores americanos que admitiam a viabilidade da tese arqueológica enquanto proposta de trabalho  científico com interesse público e estavam naturalmente curiosos com os dados apresentados; o que não deixa de ser algo fascinante quando actualmente tantos cépticos e debunkers apregoam que toda esta temática não passa apenas de fantasia.


Na verdade a coisa do outro lado do oceano é mais levada a sério do que muita gente pensa. E nos anos 90 era particularmente tida em consideração até porque politicamente interessava saber onde a Nasa gastava tanto dinheiro dos contribuintes e como tal um conjunto de senadores foi determinante para a legítimação das ideias, pelo menos a nível político.

Senadores americanos entre os quais o agora muito conhecido também por cá, John McCain (ex-candidato à presidência da república contra Obama) mas que na altura era um nome a que os Portugueses não prestavam qualquer atenção mediaticamente falando.

Perante isto e graças aos esforços de McCain  junto do Congresso americano a Nasa viu-se obrigada a concordar em tirar uma foto definitiva à Face on Mars; a foto que seria a prova final de que não haviam ruínas em Marte de espécie alguma e que encerraria a polémica de uma vez por todas junto de quem ainda tinha dúvidas, inclusivamente dos membros do congresso que nesta altura já se perguntavam porque razão andavam os Estados Unidos sempre a enviar tanta sonda para Marte sem grandes resultados para além das habituais recolhas de dados a conta-gotas, isto quando as naves não evaporavam nas alturas mais inconvenientes.


Desta vez, a sonda não desapareceu ao passar por cima de Cydonia. A nova fotografia é tirada e esta é imediatamente exibida em todos os media mundiais como prova irrefutável de que tudo não passava de uma montanha perfeitamente natural.


Conferência de imprensa ao mundo, anúncio oficial exibição da fotografia, - montanha natural - caso encerrado na opinião pública (mais uma vez). A notícia deste anúncio chegou inclusivamente a Portugal e o leitor mais atento deverá inclusivamente lembrar-se de ter visto a reportagem que passou nos telejornais do no nosso país no preciso dia em que a Nasa oficializou mais uma vez a "Cara" como sendo afinal uma montanha.


Muitos de vós lembrar-se-ão certamente até do aspecto da fotografia que serviu de prova definitiva para o mundo...claramente mostrando apenas um bocado de terra, muitas pedras e areia mas nunca uma escultura artificial. Correcto ?

 

Entretanto alguns dias antes deste evento mediático por parte da Nasa, longe das luzes das câmeras e do olhar dos jornalistas, já alguns membros da comunidade científica independente recebiam denuncias anónimas de pessoas alegadamente ligadas à agência espacial norte americana, onde se afirmava que a Nasa se preparava para apresentar uma fraude elaborada sobre o assunto que iria de uma vez por todas encerrar a controvérsia sobre vida em Marte.


Teoria da Conspiração ou não, a verdade é que isto foi mencionado em emissões de talk-radio e em comunicados online dias antes de Cydonia ter sido re-fotografada.


Haveria muito para dizer sobre esta parte aqui na minha narrativa, mas mais uma vez me encontro perante uma encruzilhada temática nesta partilha de informação já de si muito complicada. Por isso correndo o risco de me acusarem ainda mais de Teórico da Conspiração, do que já serei na opinião vários leitores certamente, vou descartar-me de detalhar muita coisa, pois se o fizesse teria de seguir por nova linha de acontecimentos que iriam levar este livro para áreas que certamente só interessariam àqueles que procuram esmiuçar tudo o que aqui escrevo até ao limite.

Portanto e mantendo a narrativa naquilo que me interessa para este livro, privilegiando a divulgação de acontecimentos que fui presenciando ao longo dos anos sobre este tema, continuemos por falar essencialmente da perspectiva ortodoxa sobre as novas imagens e da percepção que imediatamente conseguiram passar para o público.
O leitor que estiver interessado nos detalhes mais obscuros ou -conspirativos- terá de fazer o que eu fiz e pesquisar por conta própria aquilo que me é impossível abordar neste livro.

Encurtando então ao máximo o que se passou então com o lançamento das novas e mediáticas imagens que desmistificaram totalmente aos olhos dos menos atentos toda a Face on Mars como não passando de um monte de pedras, eis que após uma  investigação apurada que ainda durou alguns meses,
a comunidade científica independente veio meses mais tarde a comprovar que a Nasa tinha aplicado os proverbiais bons e velhos filtros de "Photoshop" quando Michal Malin -preparou- as imagens para serem lançadas aos media na altura.

 

Filtros esses, que reduziram não só a definição da imagem apesar de manter a ilusão de que a foto continuava em alta resolução, mas acima de tudo eram filtros usados para limpar profundidade e tornar "flat/(achatada)" qualquer característica mais tridimensional.

Além disso na sua primeira versão tinha sido esticada com um processo semelhante ao "Skew" que muitos dos leitores conhecerão de programas de edição gráfica e como se pode inclusivamente ver à pura vista desarmada na fotografia.


Este processo de “Skew” voltou a ser empregue depois nas subsequentes -novas- fotografias que voltaram a ser tiradas de Cydonia também em 2001 mas sobre essa parte humorística já lá iremos mais adiante.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Imagem original (raw data) de acordo com a Nasa

Podem explorar aqui este link com muito mais informação sobre o assunto http://www.enterprisemission.com/mola.htm

 

 

 

Em finais dos anos 90, o mundo pôde ver para crer que a Face on Mars em Cydonia não passava mesmo de um monte de terra com a divulgação desta imagem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma imagem que hoje roça o ridículo mas que foi apresentada na altura nos media como sendo a prova visual definitiva de que tudo não passava de um monte de pedras e continua até hoje a ser usada como prova evidente pelos cépticos e debunkers apesar da própria Nasa ter sido obrigada a reconhecer numa comissão de inquérito mais tarde que as imagens apresentadas aos media tinham sido realmente adulteradas.
Outro pormenor fundamental nesta polémica que passou totalmente ao lado de quem nunca seguiu este assunto em detalhe e praticamente quase em simultâneo como eu o segui; particularmente no final dos anos 90 quando o assunto estava ao rubro por causa do envolvimento do próprio Congresso norte americano e da sucessão de -“provas”- fotográficas que a Nasa foi politicamente obrigada a obter de uma vez por todas.

Até Washington queria ver para crer. Até porque os ecos da incompetência da Nasa ainda ecoavam pelos corredores após o inexplicável sumiço da Mars Observer ainda na mesma década de 90, convenientemente logo após a publicação do Relatório McDaniel ter deixado muito senador incomodado e intrigado.


Uma coisa que passa ao lado até do leitor mais honestamente céptico hoje em dia, especialmente se for um leitor jovem, é que na altura a Nasa podia fazer o que quisesse com os -modernos-,-avançados- e -exclusivos- filtros digitais que tinha à sua disposição. Isto porque esses trabalhos nunca seriam pura e simplesmente reconhecidos como manipulações pelo público de massas. Especialmente quando entrassem na cultura popular como provas absolutas da honestidade científica da Nasa.


Tal como se veio a verificar, as gerações mais novas de cépticos simplesmente não querem saber, pois estão formatados para nem sequer questionar o que entretanto se tornou exemplo de ciência legítima entretanto repetida até à exaustão, mesmo contendo informação entretanto já admitida como fraudulenta por quem a falsificou inicialmente quando Michael Malin foi posteriormente interrogado sobre o assunto numa comissão de inquérito. Ninguém está ou quer estar a par.


Mesmo com tecnologia que para nós hoje com mais de 40 anos, era ficção científica no início dos anos 90 e com a possibilidade de qualquer céptico com conhecimentos em edição de imagem digital poder ele próprio agora perceber perfeitamente onde está a manipulação original nas imagens dos anos 90, a maioria das pessoas nem se dá ao trabalho. Mais uma boa demonstração da falta de interesse que percorre toda esta nossa Era, supostamente a Era da Informação.


Na altura das -fotografias- que -provaram- a naturalidade da região de Cydonia, o Photoshop ainda era um sonho para praticamente todos os utilizadores caseiros, a própria expressão -Photoshop- parecia para muita gente, o nome de um qualquer planeta alienígena.

Sendo a coisa mais parecida que algum sortudo utilizador conseguiria ter no seu primitivo PC386 ou (ou na sua bomba 486 a 33Mhz com 16 megas de ram) seria o velhinho e agora muito esquecido “Deluxe Paint”. Essencialmente um dos primeiros programas de pintura digital profissionais mais primitivos e onde se “desenhava” ainda pixel a pixel.


A ideia de filtros digitais era uma coisa que nem passava pela cabeça do -“moderno”- utilizador de computadores na altura quando Michael Malin e a Malin Systems já eram donos e senhores de tudo o que respeitava à captação, preparação e divulgação de imagens marcianas tiradas pelos americanos.

E naturalmente viviam numa época em que podiam realmente dizer que todo o seu material de preparação digital era realmente único, exclusivo e muito avançado. Especialmente quando comparado com o que o resto de nós possuía ou podia ter em casa nesses dias.
Inclusivamente gente ligada ao design e à ilustração como eu. Com sorte tínhamos o Deluxe Paint em DOS ou então o Paint quando o Windows chegou até nossas casas e muitos dos utilizadores ainda só tinham monitores de computador com écran verde.

Algo que as gerações modernas nem sonham se calhar que existiu.

 

Para infelicidade da Nasa, alguém conseguiu reunir um número considerável de provas e apoios suficientes para obrigar a agência espacial vir novamente a público dar explicações sobre a acusação de que era alvo. Inclusivamente teve que o fazer no Congresso norte-americano, pois por lá ainda muita gente não se tinha esquecido do Relatório McDaniel e do misterioso e ilógico desaparecimento da Mars Observer em 1993 e não pretendiam, até por uma questão económica permitir que a brincadeira se repetisse.

Básicamente a Nasa perante as pressões da comissão de investigação, admitiu o uso dos filtros encontrados pela comunidade independente, mas  justificou-se dizendo que os tinha utilizado porque de outra forma a foto não estaria preparada para ser apresentada ao público pois precisava de ser melhorada.
Acontece porém, que mais uma vez se esqueceram de referir que
os filtros usados, são filtros que não têm qualquer utilidade para melhorar imagens, mas sim para fazer exactamente o contrário !

 

Actualmente fazem inclusivamente parte de programas gráficos comuns (Photoshop, PaintShop) e servem exactamente para se pegar numa fotografia e reduzi-la o mais possivel a uma imagem sem informação de modo a poderem cortar-se as suas linhas base. Algo com que eu próprio já trabalhei muitas vezes nestes 20 anos de profissão em que lido diáriamente com Photoshop.
Portanto quem escolheu precisamente aqueles filtros,
ou era incompetente ou estava a dizer...digamos..."inverdades".

 

O já falecido Tom Van Flandern foi outro dos especialistas científicos que acabou por se envolver na polémica na altura e foi fundamental para que a comunidade independente ganhasse não só mais credibilidade, como também o seu interesse pelo tema levou a muitas descobertas que hoje em dia fazem como que a hipótese de artificialidade no que toca á "Face on Mars" não só não esteja posta de parte como seja cada vez mais do senso comum junto da comunidade científica independente que não depende dos anúncios mediáticos da Nasa para se projectar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


É o autor deste site e vou deixar o seu curriculo falar por si, especialmente para aqueles que ainda acreditam que todo o investigador independente é um pseudo-cientista simplesmente por dar credibilidade a este tema.

 

http://www.metaresearch.org/home/about%20meta%20research/resume.asp

 

Agora que já têm dados concretos sobre as credenciais do senhor, sigam então para aqui:

http://www.metaresearch.org/solar%20system/cydonia/proof_files/proof.asp

 

Fiquem a conhecer tudo sobre a sua participação na investigação da "Face on Mars", aqui na secção que dedico precisamente á famosa Cara de Marte.

A SEGUIR: "Carl Sagan, fotografias que nunca existiram e o jogo de gato e rato entre ambas as partes. "

Portanto podem acreditar quando lhes digo, que a Nasa nessa altura certamente nem sonharia que dali a vinte anos toda a gente iria ter em casa software de edição de imagem (de graça a maior parte das vezes) tão bom quanto os filtros e tecnologia de que a Malin Systems dispunha na época (a custo de milhões de dólares certamente) e entretanto se democratizou com o passar dos anos.


Especialmente numa altura em que nem existia internet para que cada um de nós pudesse lá ir fazer o download do software e quando muito, ou comprávamos mesmo o programa ou esperávamos até que algum amigo no nosso país o arranjasse em disquetes ou conhecesse alguém -no estrangeiro- que o pudesse piratear e enviar pelo correio.


Portanto aquilo que para alguém que trabalha em design gráfico (e ilustração) como eu; hoje em dia é claramente uma anedota e um trabalho de manipulação não só hilariante como evidente, é no entanto algo que há pelo menos duas gerações já é tido como uma fotografia real selada na história como um documento científico legítimo. Uma espécie de relíquia sagrada dos debunkers popularizada junto dos media e dos cépticos mundiais como sendo algo inquestionável. Ver para crer, realmente…


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como tal uma imagem como esta para o céptico mais honesto, será até um documento visual de qualidade indiscutível a não ser para aqueles que como eu ainda acreditam em Teorias da Conspiração, naturalmente. Se a Nasa mostrou claramente através desta e de imagens semelhantes lançadas na mesma altura (com os mesmo filtros) que a famosa Face on Mars não passa mesmo de uma formação geológica curiosa na paisagem marciana, quem é que tem autoridade para contrariar algo que podemos ver com os próprios olhos em -fotografias- assim?!
Bom, se calhar pessoas que trabalham com imagem há décadas talvez. E nem estou a falar de mim, que trabalho em Photoshop  vai para vinte anos, desde que a versão 1.0 foi comercializada meses após estas geniais -fotografias- terem sido apresentadas pela Nasa aos media e ao Congresso norte americano como prova absoluta da naturalidade de Cydonia.


Falo dos cientistas que já na altura se debruçaram sobre estas fraudes fotográficas mal as imagens foram divulgadas. Falo das pessoas que já eram especialistas de análise de imagem quando todos nós ainda brincávamos com o ZX Spectrum. As mesmas pessoas que inclusivamente contribuíram para que os programas de edição gráfica hoje existam e ironia das ironias pudessem ter sido utilizados já na época pela própria Nasa e por Michael Malin para falsificar tudo o que fosse oficialmente mostrado a público sobre Cydonia.


Quem melhor do que os criadores dos próprios algoritmos que permitem a existência destes filtros para reconhecerem imediatamente o que será uma fotografia manipulada ?…


O que a Nasa nunca esperou em toda esta história foi de alguma vez ter contra si e contra toda a sua ortodoxia oficial no que toca à exploração de Marte as mesmas pessoas que essencialmente inventaram a manipulação e a análise de imagem digital !!
A vida dá realmente muitas voltas.


Por isso quando os cépticos neste ponto da narrativa questionam quem são afinal esses tais (pseudo-cientistas) independentes com ou sem credenciais para analisar e provar ou refutar as falsificações fotográficas da Nasa em Marte…bem, são pessoas como  os Dr. Vicent DiPietro, Dr.Greg Molenaar, Dr Mark Carlotto; não esquecendo o Dr John Brandenburg que inclusivamente hoje em 2014 , parece ter decidido sair do seu período de descanso e anda por aí nos media a defender com unhas e dentes e argumentação certeira a descoberta do Dr Gilbert Levin no que toca à vida em Marte e a legítimação do argumento independente a propósito das continuadas falsificações fotográficas que ainda hoje ocorrem aqui e ali.


Embora a táctica de desinformação actualmente seja outra desde que Michael Malin e a Malin Systems já não detêm o controlo total das imagens marcianas ao contrário do que acontecia na altura, nos anos 90, quando perpetraram as agora famosas fraudes fotográficas que supostamente terão provado ao mundo pelos “olhos” da Mars Global Observer como não há nem nunca houve nada de interessante em Cydonia em termos de restos arqueológicos.


Entretanto os acontecimentos do final dos anos 90 não ficam por aqui. Apesar da Nasa ter então -provado- com as suas -fotografias- que Cydonia não continha mais do que pedras, areia e…filtros de “noise”

a verdade é que para desconhecimento do grande público, os cientistas independentes mal as fraudes foram desmontadas rumaram novamente a Washington com toda a documentação. Fazer queixinhas portanto…


Obviamente que mais uma vez para o mundo, nada se passou além do que se tinha visto na conferência de imprensa que mostrou a toda a gente as famosas imagens.
Encurtando então novamente aqui a parte chata, política e cinzenta da história, acontece que os cientistas independentes desmontaram as fraudes de Michael Malin tão bem, que este foi ouvido em comissão de inquérito sobre as mesmas, tendo então admitido que sim senhor, nenhuma das imagens que foram lançadas aos media eram na verdade -fotografias- no verdadeiro sentido visual da palavra mas sim imagens
-preparadas- para serem mostradas ao público.


Como refiro em detalhe nos capítulos sobre a Face on Mars, não há nada de anormal nas imagens digitais precisarem de ser preparadas pois são sempre enviadas pelas sondas de uma forma abstracta numa transmissão de dados que necessitam de ser traduzidos visualmente.


Portanto o problema aqui não foi a preparação, mas sim, o -excesso de zelo- que o próprio Malin admitiu quando interrogado na comissão de inquérito. Não só admitiu ter usado os filtros apontados pelos cientistas independentes (e que qualquer designer reconhece hoje em dia), como inclusivamente ao lhe terem perguntado porque usou filtros que ao contrário do que seria de esperar retiravam detalhe das imagens em vez de o evidenciar como seria suposto ter acontecido, Michael Malin disse não ter explicação para essa questão. Simplesmente usou os filtros em questão e após a aprovação da direcção da Nasa enviou as imagens para os media, provando de uma vez por todas que em Marte só havia mesmo areia e (filtro) “noise” na área onde supostamente deveria existir uma - Cara.

Quem estiver interessado em detalhes técnicos sobre imagem digital para compreender melhor tudo o que aqui refiro, recomendo que procure informar-se sobre para que servem e o que fazem os filtros “skew”,”noise”,”flatten”,”posterize” - apenas para começarem a ter uma ideia de como se fabrica; ou melhor, segundo a Malin Systems, se preparavam imagens quando Michael Malin era rei soberano sobre todas as imagens que vinham de Marte, graças a um contracto privado com a JPL que lhe deus plenos poderes para decidir sobre tudo o que poderia ser mostrado a público ou não.


Após os resultados desta comissão de inquérito, não terem sido satisfatórios para ninguém a não ser para a Malin Systems que continuou dona e senhora das imagens marcianas, até devido à forma como o contrato original com o JPL tinha sido redigido, os cientistas independentes começaram uma campanha de divulgação sobre o que se tinha passado em redor das imagens.
Obviamente que não foram muito longe em termos mediáticos. Nas publicações científicas ortodoxas não lhes foi admitido qualquer artigo sobre o assunto, os media nem tocavam no tema e portanto restavam-lhes a radio, alguns jornais independentes, as conferências particulares e a internet.
Nada poderia ter agradado mais os cépticos que perante as informações que saiam, iam continuamente arquivando tudo na definição de -Teoria da Conspiração- obviamente. E a coisa assim permaneceu durante mais alguns anos.


A nível político a Nasa podia ter mais uma vez conseguido passar incólume mas isso não impediu que na missão seguinte em 2001 esta voltasse de novo a ser pressionada para re-fotografar a Face on Mars, quando a Mars Odissey chegou à órbita do planeta.
Se tudo já estava devidamente provado nos media para quê voltarem a abrir de novo a polémica ?

Bem, porque na verdade as imagens anteriores poderão ter convencido todos os cépticos e debunkers amadores do mundo, (como ainda convencem), mas felizmente não convenceram toda a comunidade científica independente ou internacional, (inclusivamente céptica) que pedia novas imagens; desta vez de preferência sem excesso de zelo na sua preparação.
E não convenceram de todo também Washington, especialmente depois das enigmáticas e evasivas respostas dadas por Michael Malin quando apanhado em flagrante no uso de filtros que deterioravam as imagens em vez de as melhorar para consumo da população mundial.


Por questões contratuais e legais, não se podendo tocar na posição da Malin Systems, algumas pessoas ficaram com a companhia um bocado atravessada na garganta e portanto para muita gente não só mediaticamente como politicamente seria necessário voltar a re-fotografar Cydonia mais uma vez. Desta vez é que era !
Sim, o leitor leu bem. Depois de ter -provado ao mundo- em finais dos anos 90 que a Face on Mars era natural, eis que a Nasa era mais uma vez pressionada para esclarecer o assunto novamente. Bem; de preferência.
Diferente, foi o resultado. Para muita gente o que se passou a seguir já começava a parecer uma piada de mau gosto.
A primeira fotografia enviada para os media começando precisamente pela CNN foi esta.

Não só não era a fotografia frontal da forma que se pedia como mais uma vez tinha sido tirada de um ângulo que não favorecia de todo a resolução do mistério.

 

Além disso tinha sido esticada com um processo de distorção semelhante ao "Skew" que muitos dos leitores conhecerão do Photoshop e que se pode inclusivamente ver à pura vista desarmada nesta fotografia !


Mais uma vez uma imagem que roçava o ridículo mas que novamente foi apresentada como prova visual definitiva de que tudo não passava de um monte de pedras.
Ao que se seguiram outras ainda mais hilariantes e claramente distorcidas. Alguém na Nasa parece ter achado que ninguém notaria a distorção também. Nos media aparentemente não notaram e a julgar pelas opiniões da grande maioria dos cépticos e debunkers portugueses, parece que por cá também ninguém acha nada de errado nestas -fotografias.


Estala a polémica (que nunca chegou aos media Portugueses), rebentam as acusações, acumulam-se os testes, chegam as demonstrações irrefutáveis de como se pode criar este tipo de imagens praticamente com dois clicks. Para infelicidade dos responsáveis da Nasa a comunidade independente continuava a contar com especialistas em imagem como DiPietro e Molenaar a que se juntou também Keith Laney.


Laney era e continua ainda a ser um dos mais respeitados analistas de imagem nos EUA e um continuador do trabalho original de DiPietro e Molenaar que "inventaram" os modernos algoritmos de melhoramento de imagem.


Keith Laney apesar de todo o seu envolvimento na polémica, tornou-se um dos poucos -pseudo-cientistas- que continuam até hoje a ter um contrato (sub-contratado) de trabalho com a Nasa fruto do estatuto profissional que adquiriu ao longo dos anos no seu trabalho em que lidou com as fotografias mais politicamente correctas e normais que todos nós conhecemos do mundo da astronáutica.


Ao mesmo tempo que trabalha nas imagens mais normais, é desde há alguns anos um dos mais populares investigadores da hipótese arqueológica devido à sua dedicação e ao seu papel na divulgação de ampliações das fotografias oficiais mais polémicas também.


Obviamente que para a Nasa os conhecimentos técnicos de Laney apenas são merecedores de mérito quando ele analisa fotografias que a Nasa o manda analisar, como não podia deixar de ser.
Quando analisa as fotos que não deve aparece logo alguém a contestar a credibilidade do seu trabalho.
Normalmente um debunker que não sabe que Keith faz exactamente o mesmo serviço para a Nasa no que toca ao tratamento das imagens menos polémicas que faz nas horas vagas quando explora o arquivo fotográfico de Marte em busca de qualquer anomalia.


Voltando à Face on Mars, a consternação geral deu lugar ao riso na comunidade independente e o barulho foi tão evidente que na altura até cépticos europeus e não só, comentavam em programas de rádio que estavam começado a acreditar em Teorias da Conspiração, porque as novas imagens eram claramente uma anedota e só alguém como Malin seguro do seu poder sobre toda a preparação das fotografias marcianas poderia ter a coragem de atirar para os media uma imagem assim.
Comentava-se até que seria até em jeito de provocação como vingança por ter passado a última década debaixo de olho do senado após o fracasso da Mars Observer e subsequentemente ter sido apanhado no uso de filtros de redução de detalhe durante a preparação das imagens na missão anterior.

Malin, intocável no seu posto por questões contratuais, sabendo que qualquer coisa que a Malin Systems enviasse para os telejornais seria imediatamente aceite pela generalidade das massas sem questionar já nem tinha qualquer problema em enviar para a CNN agora também imagens cada vez mais ridículas, desta vez distorcidas por um evidente filtro de “skew”.
 

Continua a confusão, a comunidade independente não pára de fazer barulho e até de cientistas alemães chegam comentários que não abonavam muito em favor da reputação da Nasa. Por momentos, uma pequena parte de muitos cépticos começaram a pensar duas vezes se não teriam estado do lado errado durante todos os anos anteriores.


Como resultado, surge então -a prova definitiva- que o mundo queria ver. Isto após terem feito toda a gente esperar dois meses, até que a imagem - fosse preparada…

 

A imagem e com toda a certeza, também a quantidade enorme de artigos de debunking profissional que foram certamente escritos precisamente durante esse tempo -de preparação- pois curiosamente foram lançados em vários sites oficiais da Nasa mas principalmente sites de debunking no mesmo dia em que a nova -fotografia- foi então apresentada ao público também pela CNN.


Data desse dia o agora famoso artigo de referência do debunker amador “Unmasking the Face on Mars” que continua presente em tudo o que é site oficial e que foi claramente escrito a pensar na bombástica revelação final da -fotografia- definitiva, após esta ter levado dois meses a ser preparada…


Desta vez sabe-se lá como, parece que afinal já não havia distorção de Cara e o ângulo na imagem parecia mais apropriado, facto que satisfez plenamente quem já começava a duvidar da honestidade da agência.
Com esta nova fotografia, os ânimos serenaram e a maior parte das pessoas voltou para o seu futebol ou Superbowl, pois desta vez é que era e a Nasa tinha, (outra vez) provado ao mundo que nada mais havia na Face on Mars do que pedras e pó, porque aqui estava uma verdadeira fotografia com todos os detalhes que toda a gente sempre tinha pedido e desta vez não haviam dúvidas.

A Face on Mars era uma montanha com direito a artigo oficial de desmistificação no site da Nasa e tudo, selada para a posteridade como um grande exemplo da fantasia humana e da Teoria da Conspiração naturalmente.


Curiosamente nenhum daqueles cépticos ou debunkers que defendiam com unhas e dentes a veracidade e legitimidade das -fotografias- anteriores se lembrou de comparar os dois tipos de fotografias, supostamente imagens obtidas com o mesmo tipo de câmeras desenvolvidas pela Malin Systems e que não diferiam grandemente de uma missão para a outra.
Ora se a fotografia anterior era uma -fotografia real- tão real como uma qualquer fotografia tirada num deserto terrestre qualquer e se as novas imagens da Mars Odissey agora também o eram.

Se não houve grande diferença no tipo de câmeras utilizado ao ponto de provocar grandes discrepâncias no resultado final de cada fotografia…então como explicar que a Face on Mars -fotografada- pela Mars Global Surveyor seja um objecto completamente diferente do que apareceu depois em 2001 com a Mars Odissey ?!
 

Das duas uma, ou contrariamente ao que acreditam os cépticos, as imagens da MGS não são de todo fotografias mas sim imagens manipuladas (como confirmou Malin mais tarde) ou então as imagens da Mars Odissey é que não podiam ser -fotografias reais!


Isto porque como se pode ver as duas sondas parecem ter fotografado duas anomalias completamente diferente uma da outra, mesmo quando colocamos a imagem mais recente num ângulo de comparação semelhante. Noutro contexto seriam consideradas duas formações completamente diferentes.

Se a Face on Mars fotografada é a mesma, logo não poderia ter mudado de características geológicas tão drasticamente apenas num par de anos.


Portanto em que ficamos ? Os cépticos nos forums continuam a argumentar que ambas as sondas tiraram fotografias reais, porque eles viram as imagens no telejornal e nem adianta a admissão de culpa da Malin Systems no uso dos filtros porque isso os cépticos nunca viram apresentado nos media.
Mas se as duas sondas tiraram fotografias reais a ao mesmo objecto como explicar que este pareça ser uma formação completamente diferente de câmera para câmera ? A natureza da própria fotografia não seria a de reproduzir a realidade ?

Bem, na verdade isto na era digital tem muito que se lhe diga e como ainda irei falar  sobre isto em detalhe por agora fico-me por aqui neste pequeno sub-tópico.

Para mim, enquanto profissional nesta área visual, nem sequer há qualquer dúvida quanto à -naturalidade- das imagens.
A primeira é claramente uma imagem deturpada por excesso de “noise” na sua preparação. Excesso de zelo como argumentou Malin.
Para mais detalhes sobre a segunda imagem e se ainda não o fizeram, recomendo que leiam os capítulos iniciais neste livro precisamente sobre a Face on Mars onde detalho e complemento muita da informação apresentada neste capítulo.
 

 

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